07 fevereiro 2007

(os pássaros da manhã mandam-nos para a cama)




tinhas metade das pernas a pedir as outras metades,
chegavas a casa quase sempre depois de um ensaio
e com uma mochila de livros e comida para partilhar,
pensava eu. bebemos bastante e talvez por isso
já fosse eu a falar da perspectiva artística das coisas,
seguindo o trajecto de roupa que nos cobria o chão
e as migalhas de pão que íamos deixando no tapete.
na sua testa muito feminina,
havia um delírio de teatro que o seu corpo me trazia
que depois de muitas voltas
eu não fui capaz de encontrar.

5 comentários:

Anónimo disse...

Quem bom (re)encontrar-te agora na blogosfera! Prometo ler-te e comentar-te com carinho e emoção de amiga, sublinhando, desde já, que acho que as palavras, nas tuas mãos, adquirem sempre renovadas formas que me enchem e confundem os estados de alma, mas que simultaneamente, me fascinam com a sua beleza.
até já
Li

Anónimo disse...

Um corpo às voltas...sobre si...sobre os outros...e sobre si nos outros...
Um corpo à procura de discernimento que nos lança na noite das ruas e nos deixa suspensos na admiração da luz que se propaga no escuro da existência...
Até que pássaros da manhã nos mandam para a cama...e a viagem acaba de mãos vazias...
Love you...
Sandra

Gabriel Mário Dia disse...

As palavras são como abismos ao contrário.
Beijo e abraços, venham os post's :)

Anónimo disse...

O Teatro trocou-me as falas a vida inteira. Mas amei profundamente esses cenários de luzes e sons em que senti todos os clímaxes do meu corpo e da alma que nunca soube bem se trazia comigo. - R

Anónimo disse...

o que me parece é que a poesia do gabriel anda mais pelas nossas veias, estaciona nas nossas camas, acampa nos vasos do jardim. E o brilho dos meus olhos acha bem. -R