21 março 2011

Topobiografia


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Eu adormeço naquele pensar
em que as coisas são de antes,
talvez fique doente deste modo independente
mas a sensação é distante e furisosa.
A minha nervura - isto é, modo de pensar -
é um gráfico circular
onde as cidades são histórias
e o universo educável.
Falar para um quarto ambiente seria como se para mim falasse
num começo melancólico,
e pedisse desculpa
ao passar pelos lugares que eu sei serem de primeiro espaço.

Ou O despertar da Primavera

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Hoje
a Primavera parece que tocou a todos,
mas a mim, umas horas depois,
tocou-me a Lua.
É 2011,
a Primavera toca a tantos anos assim?
É melhor baixarmos o volume,
e que o último dia do ano
seja como minutos
em que a lua sobre sobre nós se repete
e o resto será apenas, aqui e ali,
em bando talvez,
um horizonte disperso.

12 março 2011

Concerto para violino


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O violino ainda não saiu do chat,
continua aqui
mas não responde.
Chega mais gente por via móvel
e isso irrequieta os protocolos da conversa,
isto é,
da orquestra.
Medem sonatas e ruas inteiras
numa sociedade aberta,
e o violino ainda sem responder.
Se conhecesse o músico por detrás do instrumento
dizia-lhe das boas,
mas entre as siglas que trocam
é difícil entender o que tocam,
isto é,
cada frase da música que fazem.
Ficam perguntas por fazer
(podia ser aquela suspensão de um Vinteuil
que nem sequer nunca existiu, e apesar disso
lemos no Proust e acreditamos que há frases assim)
e tudo porque são mauzinhos com desculpas
que entre músicos se desculpam,
como se uma crazy net just joined the stars together
que naquele concerto tornavam o mundo melhor.