23 fevereiro 2007

camus: um estrangeiro


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"hoje a mãe morreu" - pode haver expressão mais poderosa para ilustrar o começo de um conto, de um livro, de um feixe biográfico, como o do Sr. Meursault? É que é o começo de um abismo, mas ao contrário: a minha mãe que me nasceu, morreu; estarei então agora condenado a morrer também. Mas o Sr. Meursault não é um homem comum. E é isto que nos faz querer conheço-lo, perceber porque motivo é tão sumário nas palavras e no entanto tão desejável em sentido. "O Estrangeiro", de A. Camus, é uma condenação das pessoas todas que não se reconhecem nos outros e ainda bem que se escreveram histórias destas durante o séc. XX. Se eu tivesse uma máquina do tempo punha-me agora mesmo a falar com ele - o Sr. Meursault - e dizia-lhe que devia ter dito à Maria que a amava e que era bom (não apenas que seria bom) casar com ela. Porque eu sou das certezas singelas, talvez, mas ele não. Perguntava-lhe como é que ele aguentava um domingo inteiro à varanda observando os eléctricos e os candeeiros. Perguntava-lhe também como é que as paredes de um quarto e de uma cela podem guardar tantos mistérios e faces, faces que aparecem e desaparecem como ondas salgadas. O Deus do Sr. Meursault era o sol vermelho, o mar azul e verde e as estrelas no lusco-fusco do fim do dia. Mas sem grande fetiche. Apenas sossego. Tudo o resto era um discurso que não compreendia. A sua condenação era o princípio de todo o seu reviver. E nada do que fazia ou fez era para ser explicado. Apenas pela verdade se morre.
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"Voltei a tomar café com leite, que era óptimo. Quando saí, o dia estava completamente levantado. Por cima das colinas que separam Marengo do mar, o céu estava cheio de tonalidades de vermelho. E o vento, que passava por cima delas, trazia um cheiro de sal. Era um bonito dia que se estava a preparar."
asasas

1 comentário:

Anónimo disse...

desconcertante maneira de ser bonito