27 fevereiro 2007

:dilemas de michel houellebecq

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"(...) eram conhecidas as suas dificuldades em comprar uma cama. Havia meses que tinha decidido fazer essa compra, mas a concretização do projecto tornara-se impossível. (...) A compra de uma cama, nos dias que correm, apresenta efectivamente enormes dificuldades e pode de facto levar ao suicídio. Primeiro, há que prever a entrega e logo tirar em média meio dia de trabalho com todos os problemas que isso pode vir a trazer. Por vezes, os fornecedores ou não aparecem, ou não conseguem transportar a cama pela escadaria acima, e é-se obrigado a pedir mais meio dia de folga suplementar. (...) Mas a cama, de entre todos os móveis, levanta um problema especial e eminentemente doloroso. Se quiseremos ter em conta as considerações do vendedor, seremos obrigados a comprar uma cama de casal à qual não vamos conseguir dar utilidade, haja ou não haja lugar onde se possa enfiar. Comprar uma cama individual é o mesmo que confessar publicamente que não se tem vida sexual e que não se prevê ter uma no futuro próximo, nem tão pouco no futuro longínquo (pois as camas de hoje duram uma eternidade, muito mais do que o prazo de garantia; é um negócio de cinco ou dez, ou até vinte anos; é um investimento sério para o resto da vida; as camas duram em média bastante mais tempo do que os casamentos, embora não se saiba muito bem porquê). Mesmo a compra de uma cama de corpo e meio aos olhos do vendedor faz-nos passar pelo pequeno burguês mesquinho e medíocre; para os vendedores a cama de casal é a única que vale verdadeiramente aquilo que se paga por ela; desta forma obtém-se o direito ao respeito e à consideração do vendedor, bem como um ligeiro sorriso cúmplice."
asaa
(Michel Houellebecq, "A extensão do domínio da luta")

2 comentários:

Anónimo disse...

perante o texto só me resta o seguinte comentário: espero partilhar muitas vezes a minha cama de casal com um outro alguém para rentabilizar o investimento feito!
LP

Gabriel Mário Dia disse...

nem mais. economia e amor é o que mais há e ainda bem!(?)