19 março 2007

(o prazer em repouso é o prazer em desespero)






asas

gritos abrem mestrias e batutas
e palavras fogem dos cálidos dedos das mãos.
por entre versos e reentrâncias
há memória de um lá longe que não se conhece:
só um sítio.

há manhãs escuras prolongadas até às outras
e no bico têm uma esperança mal entendida.
há noites em que um jardim azul te vem provar
e coça-te as pontas
o que tens de invicto.

fazer o quê quando as manhãs são papel-de-químico?

sussurra aqui “sem acordares”, isso,
assim a manhã perdura repete
afigura-se ao sol como uma bandeira desfraldada,

e sobe
subida de frente para uma sujeição que não se percebe.
asas

1 comentário:

Anónimo disse...

Há manhãs redundantes que não se envergonham de esconder o tempo no sótão, paralelo às bonecas de cortiça.