08 março 2007

(idiomas pouco ou nada domados)









isto é o meu espaço de poço turvo
isto é o ruído porcelana
apontado para o diâmetro certo e cintilante.

hoje, tu e eu, vamos soprar este espaço como um facto.

os braços estendidos sobre as coxas
os olhos nas pontas dos dedos e a muralha de uma palavra
vinda ao acaso.

sem pontos pretos ou outros.
asasa
é melhor assim, não conhecendo a fraqueza
ou esta tentativa menor.
é melhor a irresponsabilidade da catástrofe,
chorando desidratada e sem horário.

isto é o meu espaço virado de frente para o rumor
e carbonizado por querer.
asasas

3 comentários:

Anónimo disse...

Isto são fragmentos do tijolo que nos pesa sem razão.

Anónimo disse...

Às sextas-feiras batia na porta de forma envergonhada
com uma só gota de suor no meio da testa invisível aos olhos de quem nunca entendeu o que é amar os outros
mesmo os que não são os grandes romances de vida

O translúcido do vidro lembrava loucura
não permitia nem sombras
apesar de autorizar a eternidade de uma luz fria com cheiro a clorofórmio

O espaço comprido como uma cama e estreito como um corpo de cinta fina e angulada a sair da água salgada de um mar quente que nos empurra contra o tecto
como se fosse possível sair por uma janela que não há

As palavras não respondiam e as perguntas ficavam em situação anómala ali, logo na primeira secretária, por entre um sorriso simpático mas pastoso, de língua enrolada que demora muito a escorregar pela articulação dos fonemas

Era mais uma tentativa que se evolava na secretária vazia, na outra, ao fundo, junto à janela real que deixa ver o mundo que não há-de ser sempre real.

A catástrofe perdia-se na atrapalhação da frincha que já se fechava não fossem as palavras ficar entaladas de repente na tristeza das horas que aquele dia nunca teve

Bati a porta. É sexta-feira.
Hoje não entrou nenhuma andorinha que poisasse na secretária do fundo.
Lá fui com as lágrimas a encherem a nuca e a torná-la mais alta como uma torre de menagem.

É sexta-feira, mas hoje ainda não chegou a Primavera.

E tu voaste sem destino. -R










isto é o meu espaço virado de frente para o rumor
e carbonizado por querer.

Anónimo disse...

(gabriel said)-R