13 março 2013

Uma memória que foi metade



















Isto foi o que fui (metade).
Quem fui faz agora uma passagem
através do tempo,
e segura a harmónica barroca
das estrias
e os ecos ressoam-lhe ágeis como num fundo fácil.
Isto é uma memória
que vem com a música
tu e eu, num revolver e num recanto –
é agosto.
Eu digo que te segurei como num daqueles
livros de travesseiro,
demos voltas atrás de um maior início
e o regresso foi suspenso para ti.
Costumavas aquecer as mãos
durante os espelhos
que ao pequeno almoço nos olhavam,
e isso era retomar tudo
como na repetida rua que descíamos.
Quem fui não foi isso que falavas,
não existem milagres no cimo dos prédios
enquanto disso tu e eu falámos.

(fotografia de Shomei Tomatsu) 

08 março 2013

O baile de finalistas da rapariga alta




















A rapariga que olha para o retrato
encontra outra com quem desfez as núpcias,
isto é,
o baile em que ela se vestiu para o retrato
e que agora ela o retoma, olhando-o,
para quase chorar.

Ela é uma jovem que veio estudar,
enquanto a do retrato, para sempre educada,
odiará eternamente a cidade
de onde aquela outra rapariga
para si agora olha.