23 fevereiro 2010

Ou a natureza


Era no meu vinho que eu estava a pensar desde o princípio.
O resto foi descoser histórias, repetindo-as, entre os lugares do Verão.
A idade moderna deixa-nos fazer isto mais vezes, descoser o verão;
são contudo menos as vezes pelas quais pensamos no vinho.
Mas acontecem três coisas: o doce assobio da infância, o segredo descoberto,
a descida até às mãos vagas. Quis pensar no vinho vinte e três vezes,
entre a consciência e o romance, mas as razões práticas do seu sabor
vieram avisar-me de qualquer coisa pessoal e animal. Ora,
que Fevereiro este: veio para nos querer repetir a idade de outrora,
devem ser as saudades. A melhor tradução disso talvez sejam as horas,
não as vermos, só que o seu efeito é rotativo. Bebamos do físico miar
da volta ao mundo, ali enquanto voltamos à bebida,
e dos prazeres esquecidos um problema de novo perdido.