15 abril 2008

Furtos





















A cidade rebela-se e tu nela
o seu tamanho é difícil de medir —
há bairros por espiar
e os buracos das formigas
estão tapados, precisas de um plano.
Imagino a luz dos teus amigos em ti sentada
e como candente
a engoles em contrabaixo.
Abandonas a rua
consta raro este tempo que temos,
foge-te a sexualidade das coisas
uma por uma mas não mexem.
Quando voltas é grave o verão,
queres mar: discutir mar no feminino
entre ter que o cruzar.
Encontras novos piratas em casa,
em coro mais tarde

ansiavam por ti.

11 abril 2008

Velhos





















Os cigarros pequenos ficam bem nas mãos
dos velhos
porque há uma diferença em ter nas mãos
um certo cigarro,
jamais os velhos fumam leveza a fingir que fumam.
os cigarros dos velhos têm de ser de prata
de um cinza urbano que a língua já não lembra
guardam-se no bolso e ninguém sabe,
são mais de um.
um velho a fumar cigarros muito brancos
não ensina nada
porque o que queremos é que seja velho
e que não disfarce o gosto de cada fumo.
estes velhos que ainda fumam
são duvidosos e serenos, têm no braço
o recreio das esfinges e voltam a aparecer
quando passamos