02 abril 2007

(xxx)

as
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sa
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as
as

as
as
as
qwas
desenterra-me agoraasasasasasagora mesmo

não te assustes
as minhas mãos ainda são de carne,
podem ainda tocar-te

puxar-te,

és a etérea pérola do meu desgaste,
anda lá, não vês como suplico

como esgadanho a terra para te tocar?
vou beijar-te inteiraasasasasase desta vez
não irei para o estrangeiro,

estou farto de sê-lo, tu sabes

de carregar comigo este casaco sem bolso
esta lápide sem enterro
ou este bosque sem bruxas,

vem asasasasasanão esperes,

separa cada grão bem devagarinho
pede-me para casar quando amanhecer
sim, junto aos amarelos pássarosasasasasasaestou aqui,

já tenho uma casa para vivermos.

asas

1 comentário:

Anónimo disse...

Não procures
no silêncio das dunas
nem no eco
das rochas mais altas
onde te escondes

Eu vou aqui
pela areia fora
espero por ti
sem olhar para trás
e no entanto vou
a agarrar o caminho
por onde o vento
queima os lábios
desenrolando
palavras que fumam
cigarros pequenos
onde me torno volátil.

Eu vou aqui
onde não tenho caminho
nem de água nem de céu
nem de pedras roladas,
porque os meus pés
não são deste mundo
e o meu reino perdido
mantém a tua distância
entre os pinheiros
que correm para o mar
e as asas das gaivotas
que insistem em chamar.

Eu vou aqui
por entre as luzes apagadas
dos teus olhos amigos
eternos e profundos
onde as algas se aninham
em pensamentos azuis
a nascerem das dores
dos dias transformados
em mel a escorrer
pelas paredes do sol
e dos gritos retardados
por coisas de nada.

Não me procures
que quero ir sempre aqui
contigo ao lado
mesmo se não vieres
a rolar com o vento. -R