12 agosto 2013

Requerimento para existir II (ou a tomada de consciência de K., em Der Prozess)

















Ele pode compreender todas as coisas
mas isso não significa que as interprete
à luz das formas e dos escritos.
Um homem esperou até morrer,
e ele, enquanto morria num sulco achado nas pedras,
ainda sentiu horizontar alguém
numa janela em frente diante de si.

Saber que se vai morrer é diferente,
mesmo num qualquer sentido literário da peça.
Ao saber que iria morrer, como ele, isso tornou-o inocente,
e quem o levara à morte
mais não fez do que num oceano parado
levá-lo a pintar um quadro de cavalos iluminados.

Ele foi seco e obstinado sem razão de o haver ser,
e porém
todas as culpas recaem na liturgia das sombras,
paralelas desde o levantar da cama.

A tomada de consciência do Processo acontece
naquele pequeno sulco,
fora de todos os púlpitos. Não foi desistência,
muito menos astúcia.
Foi morrer como em casa e no trabalho,
a pena que diariamente lhe acontecia,
ausente de um descanso à espera.

Sem comentários: