04 janeiro 2010

Ou um mês

















Foi muito púrpura ver-te sorrir no meio
dos armários vintage
e dos copos alface de onde nos vinham
as maçãs e o açucar. Foi muito elegante
tudo o resto, antes sequer de ter acabado:
eu pensei que só se nascia uma vez.
Vamos por partes, tu um esquema que ainda guardo
como se fosse a primeira nave
que desceu na lua - como se vê, a tender
para o infinito - uma hora que foi realmente
urbana para mim. Eu passo muito tempo
a pensar se sou moderno, nós éramos uma cor,
eu pensei que só se nascia uma vez.
Aquela sobriedade do Porto foi muito labial
no sentido em que tocaste cada um dos degraus
da eterna música, que já não é som
é arquitectura, é carne, vírus.
Foi muito felino tudo aquilo que o resto fez,
rompem os tambores e pouco interesse há
em distinguir se viemos hoje,
por isso eu pensei que podia nascer outra vez
em dois sítios só, ou num só.

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