04 janeiro 2010

Ou dos que vigiam

Eles andam atrás dos gaiteiros,
dos que andam à cata de álcool entre a meia-noite
e as sete.
E é tudo bastante triste, é suposto que a madrugada
seja um enorme g onde todos os vícios caibam:
diz-me porquê? Passam os senhores da lei
e as viaturas abrandam enquanto lá dentro
há um corpo que se desterra, as tuas mãos
o meu ventre agoniado, é como se agora e para sempre
estivesse na nonagésima página de um cigarro
que é este texto,
e durante ti Janeiro implodisse concretamente.
Eles dizem ler o aviso,
está tarde, faz frio, vão para casa que este vinho
não é de beber: malditos gaiteiros que chegam às desoras.
Não se explica esta coisa de o coração vigorar
porquanto a vigia que o nota,
são cem os alfabetos que pela noite batem
e a velocidade que a rua traça. E falam
por causa dos estranhos que conhecem às escuras,
como se esperassem que nenhum outro
os detivesse pela sombra, fazem-se eleitos
pregando truques à miséria que os recolhe.

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