14 março 2007

vergonha tanta



as
as
as
as
as
as
as
as
as
asas
asasas
achava que podias estar sem roupa fora do verso
assim para descobrir,

não brasa extinta
nem face assim cinzenta
ou pedra raiada no pó a despontar
um sorriso tolo.

como um pavio de célula.

fora do verso achava que querias que eu estivesse
assim vestido num retalhe de uma cascata,
não ao de longe na censura
não ao de longe na caridade.

no fundo
achava que podíamos querer uma espécie de nudez,
não o afogamento ou o vício das gentes com gás.

tantavergonhavergonhatantatanta.
assa

2 comentários:

Anónimo disse...

os braços sem roupa abraçam melhor

Anónimo disse...

o cristal que a água reflecte parece um corpo que se despenha pela cachoeira em mil pedaços estridentes
vai vestido e de mil cores se faz em gotas de esperança enterradas nos cotovelos, por dentro, onde uns músculos pequeninos agarram o suor fresco dos braços que se amam.

Depois a roupa desaparece e a nudez faz ressaltar o êxtase da vergonha acariciada pelo sol.

No interior das igrejas, lá onde a escuridão é sagrada e dizem às estátuas sem asas de anjos que nos acariciem, também se perdem amigos. Um amigo perdido é como uma laranja que ninguém quer apanhar e fica sempre a rolar pela rua até que um dia se despe da casca, do sumo e é como se não existisse.

Os amigos, quando se despem são de cristal. Mergulham fundo e nadam connosco; às vezes também ficam a boiar. E somos nós que nos embrulhamos nas roupas deles, para os irmos procurar nas pequenas luzes das igrejas que entram através de nódulos abertos das portas grossas de madeira ancestral. E ficamos ainda mais amigos. porque um amigo é sempre um amigo e já não pode ficar mais ou menos. É sempre, é! -R