asas
ela diz "quando descia via um casal a beijar-se no banco do metro e queria que aquele beijo fosse meu. Enfim, vamos esperar que amanhã seja melhor."
assa
ele diz "querias um beijo no metro, assim com viagens a dois por estradas e túneis e todo um mundo por descobrir? Olha, eu também. Mas quanto mais não seja sorri-se pelo bem estar alheio, sem egoísmo que só faz mal. Quero que beijes todos os rostos como uma facilidade do ar que respiras, pois por agora é só isso que vale. Terás sempre um daqueles beijos gigantes e com os olhos de um gato sobre os ombros."
asas
ela diz "pelo silêncio...hum...estás em viagem, acertei?"
ass
ele diz " não, estou aqui, mas perdido no meio do trajecto da viagem, no meio da dúvida, no meio do vício talvez e de todas as músicas que sopram quedas de lágrimas sem destino. Estou vendo as cidades rodando nos pneus que rolam como cantos de vozes em coros fechadas. Mas cá estamos."
asas
ela diz "e estamos muito bem. Um dia ainda vamos olhar para estes movimentos e rir com toda esta orientação desorientada. E tudo será menos sofrido...Já te disse hoje que gosto de ti?"
asas
ele diz " não, mas nem sempre as palavras ditas têm de ser as correctas. Correcto é mais um sentir indizível, como aquele que sinto que te tenho. Fazes trazer um cintilante que quase mais ninguém traz, tu tens olhar que deseja olhar de perto. Só lamento que seja sofrendo que por agora tu te vejas, pois por mim não é isso que vejo. Vejo sempre uma espécie de promessa de segurança e de protecção que quero ser capaz de acompanhar e de seguir. Quero que vindo do meu fundo te tornes feliz, satisfeita com a vida e com o amor. Com tudo o que de tenso mas de completo ele te possa trazer. Gosto de ti e hoje é que não disse eu. Em última estância tenho um conforto que até agora, quase com trinta anos, não tinha.
asas
mas o que ele disse a seguir foi "numa próxima vez manda-me só ir à merda. É que eu já sei o caminho."
ass