03 julho 2007

foram passando as tardes


as
as
as
sa
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as
as
sa
Às quatro da tarde estivemos a olhar para o relógio, eu já cansado, tu já mais ansiosa, mas era normal. Às quatro e um quarto da tarde trocámos cartas e dissemos que as orquídeas estavam ainda mais brancas. Visitámos aquele santuário de flores às quatro e meia . E não havia século dezanove que nos pudesse contrariar as entranhas. Às cinco menos um quarto começámos a rasgar duas cartas e lágrimas ficariam para sempre gravadas no banco onde parámos. Tu pousaste os ombros sobre o meu colo e eu disse-te que estava cansado. Às cinco da tarde o resfriar do entardecer dava de si. Era quase Dezembro. Passámos seis minutos virados de frente para o jardim aberto de branco e queríamos ter falado. Mas o horizonte ia descendo escuro numas evanescentes rochas. Às cinco e meia da tarde havíamos secado ambos os cantos da boca. Tínhamos estado em silêncio, tu já meia adormecida, eu quase nervoso. E às cinco menos um quarto desta tarde ainda me torturava um bruxedo qualquer. Enroscámos os dedos num fechado nó e soubemos ver que com a noite apagámos as mãos. Às seis da tarde estivemos a olhar para uma das mais compridas vagas do infinito mar.
asas

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