22 maio 2007
do meu futuro eu dizia que sim
as
as
as
as
as
as
as
as
as
no alto de uma janela
temos um sussurro que
pousa no cavalete da noite
um corpo que se debruça
e uma questão que roxa
ou viva se perscruta
no arrasto poluído
do mar muitas vezes
solenemente acudida
asas
17 maio 2007
Acre
10 maio 2007
03 maio 2007
Ódios
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A praga, é isso que tu és. Tenho de dizer praga muito devagar, tal e qual como devagar chamas as coisas pelos nomes. A praga, sim, a grande praga, a maior pandemia de sempre, a pasta invisível que paira no ar infectando as tribunas, as salas, as escadas e os móveis. A grande chaga, mais, o ninho de besouros vermelhos que se comem uns aos outros e que na sobremesa enchem as barrigas de sangue. Porque multiplicas, porque tomaste o corpo de Cristo e agora julgas que és Sísifo, que enganaste a morte e as guerras. Porque és o lastro de óleo das baleias, porque és demasiado loira para uma portuguesa. Não há, não há paciência para ver-te aos hellos good mornings oh yes’s pelos corredores fora. Porque vomitas em excesso a educação londrina e a transformas no pão dos rapazes pobres deste país. És a praga sim, toda envenenada de ti até ao talo, és Messias de uma boa nada boa que pensas ser grande. Sim, grande, tão grande como o tamanho da lagarta-mãe, rainha de todas as fêmeas, que lhes toma o coração e os esfíncteres. Tão chaga que és, sozinha produzes tu uma espécie para que assim, maniatada, possa tornar-se na tua infinita filha.
asas
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