À varanda
o senhor zangão
equilibra os pés.
Abriu as cortinas
do peito
para melhor ver
as estrelas,
e numa quieta e
fria noite de inverno
pensa sobre os assuntos
passados
da sua enorme
experiência.
A grandeza do
senhor zangão
é menor do que as
estrelas que vê,
mas da sua
varanda sobre o rio
ele observa a
neblina da memória
enquanto o
horizonte à sua frente se expande
naquela sua imaginação
de ser maior.
O problema com
que o senhor zangão se depara
é um problema
pouco contemporâneo,
pelo menos dentro
da cabeça do senhor zangão.
Há uma origem, um
estilo, uma base
aquele brasão que
a toda a hora ele segura,
e sem qualquer outra
razão que a sua
ele dirá da luz que
o mundo não sabe
por entre as
trevas do tempo em que vive.
Ele é total e
distante, um monárquico,
uma massa que se
mistura com a própria vida.
E se num texto de
agora o ouvíssemos falar
de nenhuma palavra
nos haveríamos esquecer.
(fotografia de Shomei Tomatsu)