Abril chegou por fim
e ele forma no Universo inteiro
aquela teia donde as aranhas se
levantam
contra a sombra da passada noite.
Em bloco, num derradeiro e sólido
bloco,
erguem-se do chão em gigantesco
passo,
cobrindo as ruas e as pequenas
casas
de janelas vagas para os pássaros.
Eu havia fechado, em primeiro
lugar,
a porta da frente, a principal
porta.
Mas esqueci como pode uma janela
ser assim visitada por este abril ignaro
e rastejante, lançado à vida e às
suas formas.
Então olhei, e surgindo do
horizonte
vi nascer o violáceo céu das
aranhas
de todos os bichos de uma nova era.
Não mais, como antes, apareceram
diante de mim
as humanas formas de abril,
como um sonho.