19 fevereiro 2012

Detestemos amar

A memória não vai para onde quer,
é sempre levada
pelo intervalo constante do seu turno.
Eu tenho um requisito por princípio,
e que é deixá-la ir.
Mas a coisa é quase sempre a mesma,
isto é, esqueço-me de voltar ao início
que era onde eu sabia ser.
A memória faz-nos mal, além de poder
dar em doença.
Há coisas piores do que não conseguirmos esquecer,
isso requer um balanço de peso
o que também não é fácil se a memória nos toma.
Eu fiz um desenho sob o seu túmulo
e pensei que o antes desaparecera
como que uma vida.
Voltei ao desenho passados três invernos,
e o pior de todos o último.
Quando lá voltei eu disse impossível ser-se aquilo,
aquele amor de segunda mão.