17 maio 2013

Requerimento para existir (ou a acusação de K. em Der Prozess)



Ele passa o tempo entre nostalgias
de cuja separação, entre si, vê erguer-se
aquela forma de árvore
da qual todos lhe dizem surgir o revestimento
das formas.

Ele tem igualmente uma música predilecta.
Poder-se-ia dizer que um demónio lhe come a carne
mas ele estala a mão e diz “jazz”.

Façamos de conta que o vento não lhe convém,
e então, como homem e ser,
a sua passagem é só absolutamente visual
sem quaisquer elementos de sintaxe.

Mas uma vez que ele é um homem cuja palavra
é de outrem,
o seu trajecto é motivar uma vida inteira
sem dela requerer um objecto,
e ele diz
“o meu requerimento é eterno”,
e dele apenas o eco de uma sentença
impossivelmente justa.